Desde a Revolução Industrial, na Inglaterra, a formação técnica tem sido fundamental para o desenvolvimento de uma estrutura produtiva para atender o mercado. Vários países investiram pesadamente na educação de seus jovens tendo em vista um ofício requisitado na indústria emergente. EUA, Alemanha, Japão e Coréia são exemplos bem sucedidos na formação de mão de obra especializada. Graças a isso, tornaram-se potências econômicas e sociais.O economista Cláudio de Moura Castro, colunista da Veja, é um especialista nessa história e tem dito em suas palestras que a formação técnica profissionalizante deve ser entendida como uma necessidade de mercado e não como um projeto para resolver problemas sociais. Ou seja, a capacitação tem que estar diretamente voltada à demanda do setor produtivo e fundamentada na ciência. Não deve ser pensada como uma mão para tirar pessoas da linha da pobreza.
Esta tese é valiosa, pois filtra do contexto lideranças políticas com visão salvacionista do mundo e suas escolas de “vítimas do sistema”, que normalmente redunda em obsolescência; fortalece a preocupação com formação de competências; orienta a estrutura educacional para a atualização permanente, evitando que se torne uma máquina de vender ilusões, o que é um desperdício de recursos financeiros e potencial humano.
É preciso compreender que as escolas técnicas devem se pautar pela eficiência e pela eficácia, para atender demandas técnicas reais, que exigem conhecimentos sólidos, universais. Seguindo esta lógica, Moura de Castro costuma dizer que os melhores cursos profissionalizantes aparecem principalmente nas regiões onde as lideranças empresariais são fortes e atuantes.
Porque quem sabe o tipo de formação que o mercado precisa é o empresário e não o governo ou os professores. Ao governo e aos professores compete criar uma estrutura e um ambiente onde a formação técnica possa acontecer.
Por outro lado, nas regiões em que o empresariado é forte, competente e atuante, o investimento em formação técnica está diretamente relacionado à obtenção de profissionais capazes, que possam ser incorporado ao sistema produtivo das mesmas empresas que contribuem para a sustentação dos cursos técnicos.
A Alemanha seguiu esse caminho e conseguiu excelentes resultados. O Japão conseguiu isso. A Coréia conseguiu isso. Os EUA conseguiram isso. Todos com desenvolvimentos espantosos. Só o Brasil ainda desafia a correnteza, com resultados medíocres em seu desempenho educacional. Há sim uma nova movimentação de empresários e governantes que estão fazendo a diferença. Mas ainda é lenta e dispersa, com amadurecimento apenas em poucos locais do país. Em especial, no interior do Estado de São Paulo.
Moura de Castro diz ainda que o Brasil precisa superar suas limitações culturais para ganhar a linha de frente no quesito competitividade industrial. Ou seja, precisa saber que investir em educação é valorizar o futuro em detrimento do presente. É como investir em equipamento, máquinas, tecnologia e pesquisa. Educação é um investimento econômico e não social. Não há casos de países que se desenvolveram sem educação.
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