Valores passados. Valores superados? Não. Há no Brasil o predomínio do pensamento subdesenvolvimentista, que vê o mundo pela ótica do estado gerador de riquezas, protetor dos pobres, gerador de empregos e investidor. Vem de longe essa formação equivocada, que ignora de onde vem o dinheiro do estado, vendida por muitos como se fosse puro desenvolvimentismo. Por isso esse apego coletivo às estatais e ao governo que pratica políticas assistencialistas.
Por incrível que pareça, o ambiente intelectual na academia ainda é de desconfiança ao capital externo e de dificuldades para lidar com a dinâmica do mercado aberto e globalizado. O resultado são crianças que aprendem nas escolas conceitos ultrapassados sobre as relações sociais, desenvolvem aversão à iniciativa privada e votam em candidatos comprometidos com o... passado. As crianças nascem intelectualmente andando para trás.
O círculo se fecha na dificuldade do governo em avançar e mergulhar fundo no desenvolvimento econômico e social, que exige exatamente uma postura avessa a toda essa forma de ver e pensar o mundo. O atual governo vive o drama: como resolver os problemas estruturais do país sem o dinheiro da iniciativa privada? Sem o capital internacional. Pois é. O PT – pelo menos sua ala ortodoxa – deve estar sofrendo para encontrar alternativas ao pensamento isolacionista que ajudou a construir.
É bom reforçar que a maioria dos partidos pensa assim, que o país é capaz de andar sozinho, investir em infraestrutura e se tornar forte, tudo com dinheiro público, ou associado ao capital interno. Talvez isso possa valer aos países que não respeitam a democracia e os direitos individuais. Não é o caso do Brasil.
A realidade está mostrando que assim não vai. Não há recurso para tanto e é preciso abrir o país para receber pesados investimentos externos. Mas como explicar isso ao eleitor, que comprou a versão oposta? Como explicar isso ao próprio PT? Dilma Rousseff sabe que está em uma encruzilhada difícil, que exigirá mais do que jogo de cintura. Exigirá racionalidade e determinação para não ter que continuar empurrando tudo com a barriga, ou continuar iludindo a população com discurso antigo e insustentável.
Essa mesma barreira precisa ser enfrentada na academia. Não dá mais para continuar formando pensadores de esquerdas, com idéias do século 19, que acabam servindo apenas como massa de manobra de políticos interessados em se apropriar do dinheiro público e se aproveitar do poder. Os jovens precisam aprender a pensar como gente grande. Precisam saber português, inglês, matemática, física, biologia, geografia... Coisas assim, corriqueiras, que eram ensinadas nas escolas de antigamente, sem o filtro da ideologia anticapitalista. Isso sim é buscar a independência.
O mercado precisa de profissionais com essa envergadura. Que gostem de trabalhar e sintam prazer em aprender as coisas como elas são. O sistema econômico capitalista precisa ser incorporado ao aprendizado como a disciplina das disciplinas. Pois é a partir dessa engenharia social que podemos nos desenvolver de fato, se soubermos aproveitar o potencial humano que o mundo oferece. É nesse ambiente que está a riqueza que precisamos gerar para dar oportunidade a todos. Riqueza que precisa ser explorada com ciência, tecnologia e muito bom-senso. É nesse ambiente econômico que se desenvolvem relacionamentos democráticos, humanos e equilibrados, que precisam ser fortalecidos para que a sociedade ganhe em pluralidade e integração.
Se o dinheiro para a infraestrutura brasileira vem em dólar, que problema há? O que precisa estar bem definida é a regra do jogo, para evitar desvios de conduta. A aversão não nos levará a lugar algum. O pensamento xenófobo e preconceituoso não constrói grandes nações. O problema do governo atual, pelo que se observa, está na dificuldade de enfrentar a verdade dos fatos, sem se sentir refém de idéias de antanho, que só nos manterá no subdesenvolvimento.
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