28 de jan. de 2011

Educar para se tornar competitivo

São poucos os núcleos de estudos no Brasil que desenvolvem pesquisas científicas relacionadas à inovação tecnológica, isso faz com que o país fique atrás na corrida pelo desenvolvimento social e econômico.
Em artigo recente, o ex-secretário de ciência e tecnologia, José Goldemberg, afirma que um dos obstáculos que limitam as universidades brasileiras a se aproximar da indústria nessa missão é sua concepção cultural.

“Foram pensadas como projetos culturais, e não como projetos modernizadores na área de tecnologia, com a exceção do Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA), em São José dos Campos, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), dos trabalhos de Carlos Chagas e de Manguinhos e poucos outros” (Estadão, 17 de janeiro de 2011).
A Embrapa tem peso por estar relacionada ao agronegócio, um setor exportador por excelência, que sustenta o superávit do país. Ou seja, se as pesquisas em melhoramento genético e fertilidade do solo estacionarem, a produtividade do campo vai a pique e a economia brasileira entra em colapso.
O ITA foi uma criação alimentada pela corrida espacial e pela Guerra Fria. Não que haja algo de negativo por trás desse projeto. Tanto é que o núcleo é o principal formador de engenheiros de aviação do país e temos aí a Embraer e outras empresas, líderes de mercado, a absorvê-los.
O curioso é que o projeto nos remete a um conflito bélico superado, entre os EUA e a extinta União Soviética. Um detalhe. Stalin também investiu em tecnologia espacial e nem por isso seu projeto foi bem sucedido.
Goldemberg quer dizer com isso que a pesquisa precisa estar focada no social e no melhoramento da vida das pessoas. Além disso, em sintonia com a tendência mundial, de tecnologia verde, com baixo impacto ambiental.
Projetos dessa envergadura nascem de políticas públicas. Um exemplo são os remédios genéricos, criados por José Serra, que alavancaram os fármacos e a indústria farmacêutica.
Outro exemplo são os coletores solarem para aquecimento de água. A exigência desse mecanismo nas residências populares, para economizar energia, tende a fortalecer a pesquisa no setor, uma vez que as indústrias precisam produzir equipamentos eficientes e baratos.
O ex-ministro da Economia Mailson da Nóbrega escreveu na Veja que a Coréia e a China chegaram à posição que estão no Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), por terem uma visão clara da importância da educação, da ciência e da tecnologia para que um país se torne competitivo.
Vale lembrar que os dois países asiáticos estão no topo do ranking e o Brasil, lá na rabeira. Mas voltando à tese do ex-ministro, a preocupação por lá era elevar a formação escolar para a formação de profissionais qualificados, o que ampliaria a capacidade competitiva.
Com profissionais de ponta, seria possível investir em ciência e tecnologia e se abrir ao mundo, competindo com vantagem no mercado internacional. Esse pensamento simplesmente alavancou tanto a China como a Coréia à equipe de elite da economia mundial, junto com EUA, Alemanha e Japão.
Enquanto isso, o governo brasileiro ainda titubeia, oferecendo às suas crianças e adolescentes uma educação vergonhosa. E o Brasil corre o risco da desindustrialização, sendo invadido por produtos importados. A solução para esse problema, segundo Maílson, não está no protecionismo, mas sim, na ampliação da capacidade competitiva. Em síntese, está no avanço tecnológico, o que exige avanço na concepção do ensino em todos os níveis.

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