Tudo bem. Lula e Dilma estiveram em Seul, na reunião anual do G20, e fizeram, por razões óbvias, duras críticas a Obama pela guerra cambial entre EUA e China. Os representantes brasileiros, também por razões óbvias, foram menos duros com a China, que é a principal motivadora da ação do Banco Central Americano (Fed – sigla em inglês).
De fato, os U$ 600 bi que serão injetados para tentar reanimar a economia interna dos EUA vai derrubar ainda mais o dólar e acirrar o ânimo dos países exportadores. Os países da Zona do Euro estão ariscos, porque podem perder mercado. O Brasil, com o Real forte, tende a perder ainda mais sua capacidade competitiva no plano internacional.
Ou seja, as críticas das autoridades locais lá na Ásia fazem sentido. Mas a guerra cambial entre EUA e China é apenas uma face da moeda que dificulta o crescimento das exportações brasileiras. Comprar ou vender dólar e taxar o capital externo especulativo que chega aos borbotões não trarão resultados consistentes no médio e longo prazo. São apenas ações imediatas e paliativas, porque o cerne da questão, como têm observado os economistas, não está lá fora.
A lógica do governo brasileiro, de pegar dinheiro no mercado a juro elevado para empurrar sua dívida interna com a barriga e financiar a reserva externa, é um atrativo sem par aos especuladores, que vêm o Brasil como uma mina de dinheiro fácil, diante de um mundo com dinheiro escasso. Não há outro lugar para se ganhar dinheiro na moleza como no Brasil. Aos especuladores cabe apenas alimentar a fantasia de Lula e Dilma e investir em título do tesouro.
Mas olhemos para alguns problemas internos, que não foram levados a sério pelo governo Lula e que estão ligados diretamente ao cerne da questão, que é a competitividade.
Em primeiro lugar, temos a máquina pública inchada e dispendiosa, sem a eficiência necessária para dar conta de um país que precisa superar suas limitações com desenvoltura. Estamos com o freio de mão puxado.
O governo, apesar de arrecadar muito, não gasta bem seus recursos. Tanto é que a nova presidente vai assumir uma estrutura endividada e viciada pelo desperdício. O ralo está aberto.
O juro alto para alimentar os gastos do governo dificulta o financiamento da produção industrial e agrícola. Isso nada tem a ver com a guerra cambial do momento, e sim, com crédito a preço de ouro, incompatível com a realidade empresarial.
A falta de logística interna para escoar as mercadorias parece apenas um detalhe para o governo, mas é uma tormenta aos produtores, pois há um desperdício excepcional de recursos até que os produtos cheguem aos portos brasileiros.
O excesso de tributação é outro descalabro que fere de morte o produto nacional, que fica mais caro e com baixa competitividade, mesmo antes de disputar o mercado externo com a China.
Essa discussão poderia se estender muito. Falta investimento em educação e ciência e tecnologia. A formação intelectual no país é uma piada. Tudo isso se soma para compor o desgastado Custo Brasil, que em oito anos de governo Lula só cresceu.
É fácil agora, viajar a Seul e tirar uma casquinha de Obama. No plano do marketing até que funciona, mas é uma ação enganosa. Com câmbio elevado ou baixo, a China só cresce e continuará crescendo. Os EUA, por maior que seja a pressão externa, vão continuar agindo para enfrentar o continente amarelo.
É fácil agora, viajar a Seul e tirar uma casquinha de Obama. No plano do marketing até que funciona, mas é uma ação enganosa. Com câmbio elevado ou baixo, a China só cresce e continuará crescendo. Os EUA, por maior que seja a pressão externa, vão continuar agindo para enfrentar o continente amarelo.
Caberia ao Brasil, nesse ínterim, enquanto o mercado interno está favorável, fazer as reformas essenciais, que o prepararia para ter peso nas discussões externas. Por enquanto, o que temos, é um megafone possante para uma melodia chinfrim.
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