23 de mai. de 2011

Tempo de refletir

Não serei o poeta de um mundo caduco.
Também não cantarei o mundo futuro.
Estou preso à vida e olho meus companheiros.
Estão taciturnos, mas nutrem grandes esperanças.
Estamos longe de ver confirmada a profecia de Stefan Zweig, de que o Brasil seria a terra de futuro. Se até ele, que via a nação com tão bons olhos tirou a própria vida..., o que pensar? Lá se vão mais de meio século em que a frase ganhou espaço na academia e chegou a inspirar presidentes. No entanto, ainda não ganhou a dimensão da racionalidade, do planejamento, da estratégia. Pensar o Brasil, o que ele pode ser no futuro, ainda é uma farsa, alimentada por presidentes populistas, por políticos oportunistas. Ou melhor, sonhar com o futuro é uma paixão nacional, como tomar cerveja: o espírito ludibriado pelo álcool deixa a tese se esvair assim que a festa se encerra.
Por aqui, tudo é feito em fragmentos, sem nexo, sem entendimento, sem determinação. As coisas caminham porque há sim gente séria trabalhando, porque há sim uma classe média que se dedica, porque há sim uma vanguarda social que não deixa a peteca cair, como diria o ditado popular. Mas falta um ensino fundamental orientado por uma estratégia de nação. Falta um governo que articule os políticos baseado em uma estratégia de ação. Simplesmente cada um faz o que acha melhor para seu grupo, sem uma visão do todo.
O fundamental está sempre longe de ser considerado. As discussões são sempre periféricas e paliativas. Na educação prefere-se criar livros que deseducam sobre o sexo e sobre a gramática, ao invés de ir de matemática, física e biologia. Na gestão pública, prefere-se perder tempo com remendos e desvios do que com a crença no engenho humano, na iniciativa privada. Na ciência e na tecnologia, investe-se o tempo em ganhar tempo para que o tempo esvazie o que deveria ser feito e tudo se esqueça no emaranhado de decisões tortas, na burocracia. E não se investe na pesquisa.
Enquanto isso, como o momento econômico está relativamente bom, toca-se o barco para frente. Há um grande público, empobrecido, que aplaude a encenação, como se estivéssemos diante de uma revolução social. Mal sabem que o espetáculo não resiste ao tempo. E a falta de racionalidade para entender tudo o que está acontecendo de errado transformará, no máximo, o Brasil em um país medíocre, muito longe do sonho de Sweig. “Estou preso à vida e olho meus companheiros. Estão taciturnos, mas nutrem grandes esperanças”.
Texto elaborado por Sr. Luiz Antonio Balaminut - Contador/Advogado. Acesse: www.balaminut.com.br
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