Com o Real forte, desafiando a realidade, não estaria na hora de uma intervenção mais dura do Banco Central e uma postura racional do governo para evitar o sucateamento da indústria nacional, que vem perdendo terreno no mercado externo? As opiniões se dividem entre oportunistas, populistas e sensatos.
Os oportunistas são aqueles que estão se beneficiando da situação. São importadores que faturam rápido no mercado interno, seja esvaziando contêiner que atracam no porto de Santos com produtos chineses, seja trazendo na bagagem eletroeletrônicos de Miami.
Ou ainda, são indústrias que faturam no mercado interno sem se preocupar com o fato das fábricas estarem se transformando em estações de montagem com peças importadas.
Os populistas são aqueles que vêm a situação pela ótica eleitoral. “Se a grande massa da população está satisfeita com a economia, não é hora de mexer, até que saia o resultado das urnas”. São políticos e especialistas ligados ao governo da hora, interessados no continuísmo.
Vale aqui recordar fato parecido, mas não igual, ocorrido durante o final do primeiro mandato de Fernando Henrique Cardoso. A oposição gritava por considerar uma postura oportunista a manutenção do cambio fixo, que mantinha o Real em paridade ao Dólar, por interesse eleitoral.
Nesse sentido, o mesmo vale para hoje, com o Real artificialmente valorizado. A diferença entre um período histórico e outro é que o país saía de uma imensa crise inflacionária e havia o fator psicológico de estabilidade, que precisava ser consolidado. Hoje o cenário é bem outro. A estabilidade está consolidada. Não há risco momentâneo de crise interna. Há apenas o interesse eleitoral.
Por fim, os sensatos estão preocupadíssimos com o desprezo do governo com o setor industrial exportador. Eles não vêm a hora de acabar a eleição para cobrar do novo presidente uma postura séria, que corrija as distorções cambiais e a enxurrada de Dólar que entram na economia, fazendo a moeda americana despencar.
A lógica dos sensatos é que o país está perdendo muito rapidamente seu poder de competir com outros países e o terreno perdido demora muito mais tempo para ser recuperado, o que pode colocar toda a estrutura produtiva em risco, alimentando uma bolha de desemprego com poder de explosão expressivo em futuro próximo.
Terminada a eleição, está na hora do novo governo racionalizar o ímpeto dos oportunistas, abandonar o barco do populismo e conversar sério com os sensatos. O mundo clama por um equilíbrio nessa matemática financeira. E o Brasil não pode estar insensível a isso, sob o risco de não avançarmos da condição de celeiro do mundo e exportador de comódities. Enquanto a China fica com os empregos das nossas indústrias (ex)exportadoras.
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